segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

COMISSÃO DE PREPARAÇÃO DO I CICLA SUL OCDS SE REÚNE EM BH






Frei Fabiano, delegado ocds para o sudeste, Frei Rubens- Provincial da Província São José e Frei Wilson delegado ocds para o norte/nordeste





A Comissão de formação de reuniu este fim de semana em BH, nos conventos dos Frades Carmelitas Descalços para a preparação do O XIII ENCONTRO DE PRESIDENTES, ENCARREGADOS DA FORMAÇÃO OCDS será realizado no I CICLA - SUL DA OCDS(Conferência Interprovincial dos Carmelitas Latino-Americanos), abrangendo as províncias da OCDS do Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile e Bolívia, no período de 28/04 a 01/05/2011, na cidade de APARECIDA - SP - BRASIL.

Agradecemos a acolhida que nos foi dada por frei Alzinir e frei Afonso em suas casas e suas respectivas comunidades.
Que Deus os abençoe a todos!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

GRANDES AMIGOS DE TERESA: MARIA EDUARDA

Quando conheci Santa Teresa, antes de ser carmelita, me encantei por ela que apaixonada pelo Senhor que a atraiu, conquistou e amou , fez com que vivesse por causa deste “Alguém” que passou a ser objeto de seu desejo.

Quis então ir aprendendo com ela, coisa que procuro fazer até hoje, embora esteja longe deste conhecimento, deste amor que vai ao poucos transformando a pessoa, levando-a a esta paixão pelo Mistério até estar mergulhada definitivamente n’Ele .

Nossa Mãe deixou-se ser modelada pelo Amor, tornou-se Amor e com sua vontade unida a Dele foi transformada em amor...

Por isso, para mim, ela é a seta a indicar este caminho de espiritualidade que espero ir progredindo, aprofundando, apesar dos meus passos lentos .

Creio que sempre é tempo de mudar, pois mudar é tão necessário como respirar. Olho para ela, para sua vida, para seus escritos, para sua doutrina e me animo a trocar de ritmo com “determinada determinação” como nos ensinou.

Peço sua intercessão constantemente pois preciso da Sabedoria de Deus para minha caminhada.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

GRANDES AMIGOS DE TERESA: Aloysius Denney Delegado OCDS, pela casa Geral


A descoberta do pequeno detalhe sobre o que Santa Teresa faz, no uso da palavra "serviço" foi uma grande confirmação do que eu havia aprendido, e muitas vezes resistia, o "eu" Carmelita. Coloco a palavra entre aspas para chamar a atenção. Eu percebo que estou ainda em processo e que o principal significado de tornar-me “EU” é justamente o serviço que exerço onde me encontro. Existem, certamente, outros tipos e estilos de vida que são contemplativos. Santa Teresa, no Capítulo 5 do livro Fundações (capítulo para pessoas ocupadas!), Começa dizendo: "Há muitos caminhos nesta jornada do espírito!". No entanto, é mais do que óbvio que a vida contemplativa sobre os quais Santa Teresa está escrito que se revela a si mesma em um serviço completo.

Os membros da Ordem Secular podem recordar uma das coisas que eu repito sempre: "Ser Carmelita não é um privilégio, mas uma responsabilidade." A responsabilidade é servir ao Senhorque se concretiza atender as necessidades dos nossos irmãos e irmãs na Igreja e no mundo, servindo a nossas atendendo nossos irmãos e nossas comunidades. Me chama a atenção que Santa Teresa, a grande mulher que tanto fez ao serviço de Deus, vai encontrar muito sentido nas palavras do Evangelho de Lucas. "Somos servos inúteis. Nós não fizemos o que tínhamos que fazer "(Lc 17, 10). Eu realmente espero seguir seu exemplo e ser capaz de fazer o mesmo.

GRANDES AMIGOS DE TERESA; FREI PATRÍCIO SCIADINI

TERESA DE AVILA ME ESCOLHEU POR AMIGO

Somente depois de muitos anos de conhecimento e de convivência somos capazes de apreciar a beleza da amizade.Um dia qualquer a agente pára e se pergunta porque fulano ou fulana são meus amigos?

Assim aconteceu comigo não faz muito tempo, em que na oração me perguntei porque Santa Teresa de Ávila me escolheu por amigo? E muito mias por filho na sua ordem? A reposta é muito simples:____ porque ela é amiga , ela viu que eu era uma pessoa solitária, complicada e desejosa de Deus mas não sabia que caminho tomar. Teve ternura de mãe e me escolheu por amigo, por ela me senti amado e guiado, seduzido pelas suas palavras e pelas suas atitudes. Nela encontrei o coração de mãe e de mulher que com ternura materna e amiga me libertou de muita complicação e me fez compreender que Deus antes de ser juiz é Pai.

Que Jesus nos seduz antes pela sua humanidade e depois pela sua divindade.

Que no caminho da oração não há que temer porque Deus nos ama por primeiro. Sou feliz por ter sido escolhido por amigo por Santa Teresa de Ávila.

E por isso como seu amigo, decidi fazer todo o possível para que todos possam conhece-la e te la como amiga porque ela sendo amiga de Deus nos levará a ELE.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

GRANDES AMIGOS DE TERESA: IRMÃ ELIZABETE DA TRINDADE- OCD

CARMELITA DESCALÇA DO CARMELO DE PASSOS-MG


"Penso que, neste tempo de relativismo, quando tantos contra-valores tentam penetrar na vida dos nossos mosteiros, a Santa Madre Teresa ocupa um lugar privilegiado e insubstituível nas nossas vidas. Sem o seu testemunho e a sua presença entre nós, seria muito difícil descobrir os caminhos para vencermos os obstáculos e permanecermos fiéis.

Que a Santa Madre nos alcance de Deus essa determinação e dinamismo, essa profundidade e fé, mas, sobretudo, esse amor ardente que nos fará caminhar. Amen!"

GRANDES AMIGOS DE TERESA: PAPA BENTO XVI









Bento XVI evoca Santa Teresa





No passado dia 2 de Fevereiro, Dia do Consagrado, o Papa, na sua habitual audiência geral das quartas feiras, agradeceu a oração e o trabalho realizado pelas pessoas que dedicam a sua vida à vida religiosa.
Bento XVI enalteceu o exemplo de Santa Teresa de Jesus, descrevendo-a como uma das grandes referências da espiritualidade cristã.


“Santa Teresa de Jesus é um dos vértices da espiritualidade cristã. Santa Teresa insiste na importância da oração, que a sua intercessão nos ajude sempre a ser, através da oração e da caridade aos irmãos, testemunhas incansáveis de Deus numa sociedade carente de valores espirituais”

GRANDES AMIGOS DE TERESA: Maximiliano Herraiz OCD

20-02-2011
Maximiliano Herraiz OCD








"Caminho de Perfeição: vejo-o como uma aguda e profunda reflexão Teresiana da sua abundante experiência espraiada, em parte, no Livro da Vida.

Reflexão com consciência clara e decisão de transmitir uma maneira de viver, não só, segundo julgo, no marco da vocação, sua e minha, se bem que me incline cada dia mais a pensar que esta mulher, a quem chamo com orgulho minha mãe, não cabia em nenhum “modelo” e, muito menos, estreito e bem espartilhado.

Possivelmente careceu também dos discípulos suficientes para uma andadura mais definidamente teresiana.

Talvez Deus a tenha adiantado demasiado aos tempos."

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

INVITACION

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O XIII ENCONTRO DE PRESIDENTES, ENCARREGADOS DA FORMAÇÃO OCDS - PROVÍNCIA SÃO JOSÉ

será realizado no

I CICLA - SUL DA OCDS

Queridos hermanos del Carmelo Seglar, Es con gran alegría que la provincia de San José OCDS invita a las comunidades del Carmelo seglar Brasil y América Latina a participar em XIII ENCUENTRO DE PRESIDENTES, ENCAREGADOS DE LA FORMACION OCDS - PROVÍNCIA SÃO JOSÉ se llevará a cabo en La I CICLA - SUR DE LA OCDS (Conferencia Interprovincial de los Carmelitas de América Latina) que abarca las provincias de la(s) OCDS (Orden Seglar de los Carmelitas Descalzos) Brasil, Argentina, Paraguay, Uruguay, Chile y Bolivia.

De 28.04 a 01.05.2011 en la ciudad de Aparecida-SP – BRASIL En la ciudad de Aparecida-SP-Brasil. la siguiente dirección:

Seminário Redentorista Santo Afonso

Rua Padre. Claro Monteiro, 152 - Centro - Aparecida Sp - Cep 12570-000

Tel. (12)3105224

contactos abaixo:

Ana Maria e Paulinho

anagambis@gmail.com

jpscarabelli@yahoo.com.br

Telefono móvel:

Paulinho- (33) 8421 4164

Ana Maria-( 33) 8433 0932

Telefono Fixo- (33) 3321 3549

El Valor deste encuentro para los participantes del Brasil é de US$197,(DOLARES)

Para mejorarl a cualidad y la eficácia de nuestros servicios, pedimos por favor, que hagan El pagamiento en lo dia Del encuentro.

Mas informaciones :

blog

http://ciclasulocds.blogspot.com/

email.:

ciclasulocds@gmail.com


CONVITE


XIII ENCONTRO DE PRESIDENTES, ENCARREGADOS DA FORMAÇÃO OCDS –

PROVÍNCIA SÃO JOSÉ

será realizado no

I CICLA - SUL DA OCDS





"Importa muito e acima de tudo ,uma grande e firme determinação de não parar até chegar a meta,venha o que vier,suceda o que suceder,custe o que custar,murmure quem murmurar ...havemos de prosseguir"(Santa Teresa de Jesus C 21,2)

Estimados(as) irmãos (ãs)

Antes de tudo, quero lhe desejar que o Ano Novo seja portador de muita paz, alegria, saúde, amor... para você, sua família e Comunidade-Grupo para que assim vocês possam ter forças para assumir os compromissos e projetos.

Ano Novo nos proporciona uma oportunidade para novas decisões, para revisão de rumos, para continuar com mais entusiasmo a grande aventura da fé.

Conduzidos pelo Amor, fonte de toda transformação, chegaremos a um estado de escuta e de atenção, que nos levará a sair, olhar em frente, deixando o velho para trás.

Caminhando para o V Centenário do nascimento de nossa Madre Teresa, continuando a leitura, estudo e meditação de seus livros, veremos que prática da oração em sua vida explica a razão de ser de sua existência. Só entendemos sua caminhada como mulher de fé, escritora e reformadora da Carmelo, entrando no mistério de sua alma orante.

Com seus exemplos, ações e doutrina, queremos nos animar, apesar das dificuldades, para aprofundarmos e progredirmos um pouco mais .

Para isso escrevo convidando para que sua Comunidade-Grupo escolha seus participantes para que venham estar conosco para o ICICLA SUL OCDS que será realizado em Aparecida (SP) de 28 de abril a 1 de maio.

Como sempre teremos que limitar o numero de vagas para as Comunidades e Grupos devido ao espaço disponível.Teremos conosco irmãos(ãs) de outros países da América do Sul o que será uma alegria.Juntos estaremos partilhando nosso estudo da Ratio Instituciones e do Caminho de Perfeição .

Já agradeço todo trabalho da Comissão de Formação que unida cuida da organização deste evento.Com meu carinho e orações aguardo suas presenças

Maria Eduarda Barboza de Souza,ocds

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

TU COMPROMISO EN LA FORMACIÓN (CAMINO 5)


“El estudio es manifestación del insaciable deseo de conocer siempre más profundamente a Dios, abismo de luz y fuente de toda verdad humana” (VC 98).

Este capítulo es un excursus dentro de la línea argumental de Teresa de Jesús. Pero los excursus son muy importantes. No había pensado hablar de esto y lo hace. Se le cuela en el esquema porque cree que es muy útil.

Teresa libra una batalla (de ahí el símbolo del castillo) contra la ignorancia y la falta de cultura en las comunidades. Se enfrenta a leyes y costumbres inveteradas. “De devociones a bobas nos libre Dios” (V 13,16). Ella leía libros en romance. “Era amiga de buenos libros” (V 3,7). Cuando la Inquisición le manda quema libros, confiesa: “Yo sentí mucho, porque algunos me daba recreación leerlos” (V 26,6). Cuando redacta Camino todavía lleva dentro la indignación que sintió ante tal atropello. Lo manifiesta con un claro gesto de ironía: “No os quitarán el Paternóster y el Avemaría” (CE 36,4).

Obsesionada por el tema de la cultura espiritual dice con la boca grande: “Es gran cosa letras” (C 5,2). Le apasionan los libros, los “letrados”: “Siempre fui amiga de letras” (V 5,3) y el diálogo con los maestros, que son “un gran tesoro” (V 13,16).

Quiere que sus hermanas codicien el saber: “Son gran cosa letras para dar en todo luz” (C 5,2). Letras es cultura y posibilidad de diálogo hondo. La formación ayuda a entender mejor los dones. Sabe que los libros cuestan mucho dinero y que son pobres pero aún así invita a invertir en cultura: “Aunque seáis pobres... el que sustenta los cuerpos despertará y pondrá voluntad a quien con ella dé luz a las almas; y remédiase este mal, que es el que yo temo” (C 5,5). “Es tan necesario este mantenimiento para el alma (cultura), como el comer para el cuerpo”. Relaciona saber con luz (C 5,4). “Es gran cosa letras, porque éstas nos enseñan a los que poco sabemos y nos dan luz” (V 13,16).

Teresa pide también libertad para el grupo. “Por quien su Majestad es que no dé a probar a nadie en esta casa el trabajo de verse alma y cuerpo apretadas” (C 5,1).

Y entiende la libertad como libertad de conciencia. Hay muchos caminos y puede que no todos los sepa el confesor. Por ello es tan importante tener posibilidad de tratar con quien dé luz. “Alabad mucho, hijas, a Dios por esta libertad que tenéis” (C 5,1).


Dinámica: Cómo ser luz unos para otros

Se forman cuatro grupos.

Durante unos minutos dialogan y responden a esta pregunta:

¿Qué tendríamos que hacer en los grupos de oración para revitalizar más nuestra vida, para ser más felices y más fieles a lo que el Señor nos ha confiado?

“Perdóname por ir así buscándote
tan torpemente dentro de ti.
Perdóname el dolor, alguna vez.
Es que quiero sacar de ti tu mejor tú.
Ese que no te viste y que yo veo,
nadador por tu fondo, preciosísimo.
Y cogerlo y tenerlo yo en alto como tiene
el árbol la luz última
que le ha encontrado al sol.
Y entonces tú…
en su busca vendrías, a lo alto” (Pedro Salinas).

http://www.cipecar.org

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Caminho de Perfeição: Contexto histórico, religioso e espiritual do livro

Para compreender melhor o Caminho de Perfeição de Teresa de Jesus e as suas duas redações convém ter presente o ambiente histórico, religioso e espiritual em que ele foi escrito.

Estamos no tempo áureo da Inquisição. O seu Livro da Vida encontrava-se retido nos depósitos da Inquisição. Este podia seguir o mesmo destino. Mas como os pedidos eram muitos e insistentes e os mandatos dos confessores eram constantes, Teresa, apesar dos pesares, põe-se a escrever.

Vive-se em Espanha, no tempo de Teresa, um ambiente polémico e de forte tensão a todos os níveis. Teresa não vive alheia, pelo contrário, ela participa activamente nesta polémica. O momento é de tensão espiritual provocada pela publicação de certos livros.

Invasão protestante

Em 1556, Carlos V retirou-se para Yuste. Entre este ano e 1563, ano da clausura do Concílio de Trento, Espanha muda rápida e profundamente de clima espiritual e toda a Europa chegou a um desses momentos críticos em que se quebra o equilíbrio já estável, e tudo acontece muito descontroladamente. Carlos V, depois da paz de Augsburgo, renunciou ao papel de árbitro que tinha mantido durante trinta anos entre Roma e a Alemanha protestante. O protestantismo alcançou um triunfo tal que varreu todas as ilusões do momento. O culto protestante começou a organizar-se em França como uma confissão dissidente. O anglicanismo foi-se consolidando depois da breve restauração católica de Maria Tudor. Calvino fez com que Servet morresse na fogueira, e Genebra afirma-se como a metrópole de uma nova ortodoxia. Todos estes acontecimentos exercem grande influência na vida de Teresa.

Renovação espiritual

Desde o princípio do século está em curso em Espanha um movimento de renovação espiritual. A reforma da Igreja espanhola antecipou-se quase meio século à reforma tridentina. E esta reforma não foi teórica, dogmática ou legalista, mas realista e integral. Chegou à alma do povo e provocou o surgimento de uma espiritualidade popular e universal.

Sem sairmos do pequeno mundo teresiano, encontramos casos extremos de alta espiritualidade tanto entre pessoas humildes e analfabetas como entre aristocratas e damas da corte. Temos, por exemplo, o caso de Maria de Jesus e Catarina de Cardona. A primeira, uma analfabeta, jovem viúva andaluza, empreende uma viagem a Roma, descalça, para conseguir um breve pontifício que a autorize a fundar um mosteiro austero de carmelitas. O segundo caso é Catarina de Cardona, dama da rainha, aia do príncipe Carlos e de D. João de Áustria. Esta foge de noite da corte, disfarçada de homem, para se internar nas serranias de Cidade Real e aí viver vida penitente.

Movimento literário espiritual

Acompanhando tudo isto, começa a aparecer um grande movimento literário espiritual. Garcia Jimenez de Cisneros, primo do Cardeal Cisneros, funda uma tipografia em Monserrat. O próprio Cardeal Cisneros funda outra em Alcalá. Os tipógrafos de Sevilha e Salamanca lançam sobre toda a Espanha uma onda de livros espirituais em latim e espanhol. São publicadas obras procedentes de todas as épocas, línguas e nações, traduções dos Padres da Igreja, livros da devotio moderna, da escola mística alemã e italiana, escolásticos medievais, e protestantes daquele tempo, livros de autores espanhóis de última hora...

Tanto esta literatura espiritual, como a religiosidade popular e o movimento das reformas dentro da vida religiosa, têm isto em comum: a interiorização da vida espiritual e a oração mental. A este movimento espanhol junta-se uma forte corrente que chega de fora, revestida de humanismo. É sobretudo a oração mental o ponto em que confluem todos os movimentos renovadores, nacionais ou estrangeiros.

Sobre este horizonte de grandes aspirações espirituais começa a aparecer algo contrastante e decisivo: o florescimento teológico que dará a Espanha duas gerações de teólogos de Trento e de Salamanca; desde Vitória até Bañez, Suarez e os salmanticenses.

Teólogos e espirituais

Mas o que é que aconteceu? A espiritualidade e a teologia não seguem o mesmo caminho, pelo contrário, contrapõem-se. No seio da Igreja espanhola vai-se forjando, durante vários anos, um antagonismo que suscitará divisões e tempestades, chegando mesmo a lutas constantes, fortes e inflamadas entre teólogos e espirituais.

Por uma parte encontram-se os teólogos que desconfiam de uma espiritualidade que não se apoia em princípios dogmáticos. Os teólogos vêem nos espirituais aberrações morais escondidas, influências do pietismo protestante ou do quietismo iluminado. Vêem um culto exagerado pela oração disfarçado de protestantismo que procura subtrair-se ao controlo da hierarquia e da teologia.

Por outra parte encontram-se os espirituais que desconfiam dos teólogos, vendo neles especialistas da letra morta, vazios de espírito cristão e francamente incapazes de julgar uma vida sobrenatural de que não têm experiência nem noção.

Nos escritos teresianos, que tão claramente manifestam esta situação de luta, os representantes de um e outro grupo serão chamados “letrados” e “espirituais ou experimentados”. A própria Santa tem consciência clara que não é uma “letrada”, mas uma espiritual experimentada, contudo, não se deixa influenciar por nenhum grupo. Teresa é amiga de “letrados”, mas como ela própria diz: “[eu] não fazia senão disputar com os letrados” (V 35, 4).

Apesar desta reacção o caso é que quando escreve o Livro da Vida passou decidida e conscientemente para o grupo dos letrados.

Nas páginas do Caminho de Perfeição, escritas por esta altura, a opinião de Teresa a favor dos letrados passará a ser norma para as suas discípulas. Isto aparece claramente nos capítulos 3º a 5º. Nos restantes livros, como por exemplo as Moradas e as Fundações, etc, ela mantém a mesma decisão sem nenhumas dúvidas.

Esta posição de Teresa manifesta somente o indício do grande azedume com que por aqueles anos se enfrentavam osletrados e os espirituais. A tensão entre estes dois grupos adquiriu grande gravidade pela envergadura daqueles que encarnaram uma e outra corrente. Entre os espirituais temos grandes santos e autores místicos a meados do século de ouro; e do lado oposto, está a grande maioria dos teólogos da escola dominicana e da universidade de Salamanca.

Casos clamorosos de visionárias

Entre os espirituais existem alguns casos, que não são raros infelizmente, de visionárias e reformistas exaltadas que vêm agudizar ainda mais a situação: temos, por exemplo, os casos clamorosos de Maria de São Domingos e Madalena da Cruz. Tanto uma como outra projectam sobre a vida mística teresiana uma sombra muito funesta. Madalena de São Domingos, “a beata de Piedrahita”, visionária, estigmatizada, escritora mística, admirada cegamente por um sem número de discípulos e discípulas, mas submetida pelo famoso Caetano, Geral da Ordem de São Domingos, a uma espécie de reclusão vitalícia e dando ordens precisas contra ela, contra o seu profetismo e proselitismo. A recordação da beata e a sentença de Caetano pesarão sobre os teólogos que pouco depois entrarão em relação com a nova mística e visionária Teresa de Jesus.

A visionária Teresa de Jesus

Recordemos o episódio que teve lugar entre João Salinas e Domingo Bañez, ambos dominicanos. Salinas pergunta a Bañez: “Quem é uma Teresa de Jesus que me dizem que é muito da vossa relação? Não há que confiar em virtude de mulheres... Bañez respondeu: Vossa Paternidade vá a Toledo e vê-la-á e experimentará que é razoável tê-la em muita consideração... Encontrando-se os dois mais tarde, Bañez interroga-o: Então, que diz de Teresa de Jesus? Respondeu Salinas com grande desembaraço, dizendo: Ó! Tinhas-me enganado, disseste-me que era mulher; pois, eu te digo com total certeza, que é homem varão e dos muito barbados” (Isto foi referido pelo P. Bañez no processo de Beatificação - Salamanca 1591).

A outra, Madalena da Cruz, abadessa de Córdoba, depois de ter sido aclamada santa pelos reis e grandes de Espanha, será processada pela Inquisição e condenada em 1564 a penitência pública. O seu caso está tão vivo quando se começam a divulgar os fenómenos místicos de Santa Teresa, que não faltará quem sussurre aos ouvidos desta e dos seus confessores augúrios de idêntico desenlace.

A oração mental, pomo de discórdia

Do lado dos teólogos, contribuíram para agudizar o antagonismo, algumas figuras cimeiras, que concentraram a oposição sobre o tema da oração mental, divulgada pelos livros na linguagem do povo. Pregar aos quatro ventos – segundo eles – a vida de oração, é colocar em perigo não só a Igreja, mas a mesma república cristã. Divulgar em língua castelhana para o povo e as mulheres, os mistérios da fé, da teologia e da vida espiritual, é “coisa nociva ao bem comum” (Melchior Cano). “Por mais que as mulheres reclamem com insaciável apetite comer deste fruto [leitura da Sagrada Escritura], é necessário vedá-lo e colocar a espada de fogo para que o povo não chegue a ele” (idem).

S. Vicente Ferrer afirmaria que, com as graças místicas de que se gloriavam os espirituais e outras ilusões semelhantes, se haveria de dispor o mundo para o Anti-Cristo.

Em termos mais depreciativos, ridicularizava o supremo inquisidor Valdês os livros de frei Luís de Granada sobre a oração, apelidando-os de livros de teologia para mulheres de carpinteiros.

P. Jeremias Carlos Vechina